Chuvada Doce

Ora cá estou eu a pedido de várias famílias constituídas por 3 pais, cinco filhas e uma tia de bigode. Como já é habitual, só nos casos em que a casa não é entregue ao banco, venho escrever sobre as notícias do mundo actual e também dos paralelos, porque já fui calceteiro de auto-estrada. Pois bem, a notícia que está aí a escaldar, sem serem as orelhas do Filipe Vieira, é sem mais nem menos, o Pingo Doce. Tive a infelicidade de precisar de umas luvas e de rímel para os olhos. Ora já não precisei de nada disto já que só à entrada me arrancaram os olhos e as mãos “só para treinar enquanto não abre” dizia a velhota de cadeira de rodas. Parece-me a mim que isto foram os médicos que aconselharam as pessoas a fazerem desporto que envolvesse corrida, ginástica de braços e o convívio na sociedade. Pois bem, acabou por ser uma tarde de pancadaria. O Pingo Doce podia era chamar a estas promoções “workshop de Tae-Compras – venha dar uns chutos e ainda leva uns peros no lombo para casa”. Mesmo querendo ir embora, fui arrastado pela avalanche mal abriram as portas. Então pus-me a ver preços em Braille com os pés, dos artigos higiénicos para animais domésticos. Não imaginava que existiam línguas de látex para os gatos lamberem os... rojões. Lembrei-me então que no Pingo Doce haviam cabazes baratos. Mas os únicos cabazes que haviam estavam a ser usados para batalha naval entre duas famílias para ganhar o último detergente para a máquina que ainda havia. Mas eu percebo as pessoas, via-se que foram comprar bens de primeira necessidade: vi um careca a levar um caixote de pentes, um desdentado a levar escova de dentes, um chinês a levar talheres e até um cão a levar areia para gato?! Farto de lá estar, tentei sair, mas com o mar de gente que lá estava tive de gritar que era uma estrela de rock e o pessoal pegou em mim e levou-me em ombros até à saída. Os únicos a saírem de lá de mãos a abanar fui eu e uma senhora com epilepsia. Ela teve sorte que veio uma carrinha com luzes azuis buscá-la. Até a levaram ao colo. Feitas as contas, o único pingo doce a que tive direito foi o pingo de sangue e ranheta que gentilmente me escorreu pela cara e que saboreei pelo caminho.

A adoçar pingos de Janeiro a Janeiro

CegoManeta