sábado, março 03, 2007

Nós, Moscada

Cá estou eu de novo com novas estórias que interessam àquele… não, não, atrás desse… oh, o outro… sim tu, oh caramelo. Pensas que não te vejo?
Pois bem, vou falar desse grande herói que é o insecto díptero esquizóforo da subordem dos ciclórrafos, com cerca de 80 mil espécies descritas, que se divide em caliptrado e acaliptrado – a Mosca.
Este bicho tem sido injustiçado ao longo dos séculos, toda a gente o tenta eliminar de todas as formas possíveis. Seja a bater palmas, no meu caso a bater na testa, seja a calcar, com o mata-moscas, pegar na gillette e rapar os pelitos debaixo da boca, enfim… coitado do animal. Metam-se com gente do vosso tamanho. Levam já um mosquete.
É que esta bicheza é pessoal porreiro. Pode-se contar com eles para tudo… menos para andar de jipe no monte. É que da última vez que fomos fazer um Raid juntos a coisa deu para o torto, morreram todos.
Agora escalada é o desporto favorito das moscas. Já vi cada mosquetão que é uma coisa impressionante.
Mas humildade não lhes falta. A maior parte das moscas anda sempre na merda, um gajo quer ajudá-los, mas eles parece que gostam daquilo. Vá-se lá entender esta gente.
Mas também temos a classe rica, que gostam de gostos requintados. Não passam sem uma jantarada temperada com noz-moscada e acompanhada de um Moscatel.
Tive um amigo mosca que nunca mais esquecerei. Morava para os lados de Moscavide. Era um peso-mosca, tinha uns punhos que era uma beleza. A carreira durou pouco tempo, já que andava a dopar-se com Mafú. Alistou-se na Guarda Real de Duarte Pio como Moscateiro. Mais uma vez deu-se mal porque se fazia de morto quando era para fazer alguma coisa, era um mosca-morta. Foi irradiado para Moscovo com Compal Rad. Mas como ele fazia muitas compras no Dolce Vita, rapidamente ficou um Moscovita.
Cheguei a encontrá-lo mais uma vez no Porto. Ele estava bem da vida. Era agora uma campainha. Nem precisava-mos tocar. Bastava chegar à beira dele e tocava: - Bzzzzzzz, bzzzzz. Então disse-lhe: - Conseguiste, boa Mosca! E ele boou… Nunca mais o vi. Ele estará sempre comigo. Espera lá… Ele está! Entrou-me para o olho.
Era a única mosca que conhecia que se dava bem com as aranhas, apenas se queixava que elas não cortavam as unhas: - Ai! Estás-me a aranhar toda!




*Se pousar uma mosca na mão não a mates com um martelo.


A beber bebidas à pala desde que sou cego

CegoManeta