quarta-feira, janeiro 30, 2008

Expretição a África

Olá cambada! Não é para vocês, é para o meu cão chamado Báda. Lindo cão Báda! A maior parte das vezes chamo-o pelo nome de solteiro, Báda Lhoco.
Ora bem, andei este tempo todo sem escrever porque fui a convite do Saramago, eu trato-o por Sara, ganda amigo, fui então ao laboratório dele que fica ali para o interior, Espanha. Ele queria fazer uns ensaios e eu então lá fui. Foi assim que fiquei sem a vista. Nunca mais lhe perdoei. Aquele sacana ainda teve a lata de escrever um livro sobre isso - Ensaio Sobre a Cegueira. Ele para me recompensar ofereceu-me uma viagem às ilhas Caimão. Já sabem como fiquei maneta…
Bem mas estas tristezas não interessam a ninguém, também aproveitei para entrar numa expedição para arranjar umas ideias, como se precisasse… A maior parte da gentalha vai sempre para viagens ao longo da Europa, América ou Oriente. Claro que eu tinha de ser diferente e fui para o continente onde o Sol ficou mais tempo durante a evolução do Homem – África.
Para começar a minha bela entrada limpei os pés ali por Marrocos, tem tapetes para todos os tipos de pessoas: pés grandes, pés pequenos, sem pés. Só não sei porque o pessoal de lá não limpa os pés, andam sempre com eles pretos. Ainda por cima com eles está sempre tudo na mesma: - Com está o teu pai, a tua mãe, o teu pássaro que morreu ontem? Dizem sempre: - Tapeti, tapeti!
Claro que depois tive de atravessar o deserto. Passado uns dias perdi-me e encontrei para lá uns nativos. Nome esse que provém de quando eles eram pequenos eram mais pobres que os outros meninos de cidade. Andavam sempre a queixarem-se: - Nãtivos naike que tu tiveste no Natal para jogar à bola. Então dirigi-me a eles e perguntei onde estava. Eles responderam: - Saara, Saara! Eu gritei para eles fugirem: - O Sara anda aí? Olha que ainda vos cega como cegou a mim. Corri então até ao primeiro país que encontrei. Fui até ao Mali. Encontrei as pessoas menos hospitaleiras que encontrei. Que Mali é que lhes fiz?
Farto do continente como estava, tentei as ilhas. Perguntei quais eram as melhores ilhas. – Oh amigo ,são as de Cabo Verde. Estes gajos são tão palermas, se só cabe o verde não ia lá fazer nada. Enfim…
Rumando a sul passei pelos Camarões para petiscar. Estavam fora de prazo e lá continuei com uma grande dor de estômago. Passei pela linha que divide o mundo a meio, Equador de barriga que ia lá virei o barco em terra.
Cheguei finalmente a Angola, terra dos curandeiros. Passei exactamente num local onde estavam a curar doentes, fiquei impressionado por um coxo chamado Lu. O curandeiro vira-se para ele e esfrega-lhe a perna: - Lu, levanta-te e anda. O pessoal todo gritava: - Luanda, Luanda!
No final da minha expedição até encontrei um velho conhecido que salvei quando andava a libertar prisioneiros. Diz ele a chorar: - Olha o libertador do Mundo, o salvador, é o meu mano de Freamunde!
À vinda para a minha terra ainda passei novamente por onde comecei. Vinha a comentar com o meu mano: - Tens aí uma rica Afro! Um marroquino lá ouviu e veio logo a correr: - Há frô sim senhor, qué frô?

*Se passares em África leva que é de borla, há free cá.

A arrotar o que já está roto

CegoManeta